Todos os chamavam de João Marcelo, ele tinha os olhos azulados da idade e um modo de vida bem peculiar. Eu gostava de passar os finais de tarde ouvindo suas histórias que pareciam de um tempo tão distante que quase duvidava dele ter vivido mesmo.
Sua casa era bem diferente do que estamos acostumados a ver, chão batido, cobertura de capim, o catre era como ele chamava a cama, era feito com quatro estacas cravadas no chão e o lastro era de couro de boi trançado, coberto com um grande pelego de ovelha, como cobertor, ele usava um poncho.
Fogão? Acho que ele nem conheceu, na sua “sala”, ardia um fogo de chão que raramente se apagava. Utensílios de cozinha... Panelas pretas queimadas ao fogo, garfos tortos e queimados, facas bem afiadas quase sem lâmina...
Negro...contava que sua mãe foi alforriada, passou a vida trabalhando em fazendas, sempre morando em casas de sapê e dormindo em catres até o dia em que sua experiência e mãos calejadas, não foram o suficiente para suprir a falta de força e vigor. Mandado embora, teve que pedir um lugar emprestado para montar seu barraco e esperar a morte.
Dia triste aquele da rejeição, depois de dedicar a vida para enriquecer um latifundiário, foi descartado como trapo que não serve nem para pano de chão.
Lembrei de algumas vezes que também me senti rejeitado, descartado, inútil, inábil, e não foram poucas às vezes.
Na parábola dos trabalhadores na vinha, Jesus conta uma estória que me traz alento. Um pai de família pegou os primeiros trabalhadores as 6 da manhã, esses eram os melhores, fortes, hábeis e preparados, as 9, o segundo grupo, agora era os “não tão bons”, ao meio dia, os razoáveis, as 3 da tarde, a sobra e as 5 então, os fracos, velhos inábeis e descartados, mas ainda estavam ali a espera de um Senhor com compaixão dos excluídos.(Mat.20:1-15)
Conheço uma senhora muito amável, a chamamos de irmã flora, ela se orgulha de dizer que tem 70 anos de igreja, embora sua aparência não indique 70 anos, e o melhor de tudo é que ela receberá a mesma recompensa de quem aceita Jesus em um leito de morte.
A recompensa, como os trabalhadores da vinha, é a mesma para todos, porque o Senhor com compaixão é Deus e como justo juiz dará como recompensa a vida eterna.
Deus não vai agir como o dono da fazenda que ejetou o velho João Marcelo para fora da sua propriedade, pelo contrário, Ele dirá: Vinde benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Mat. 25:34
Xandy.
Ancião Jovem IASD farrapos
Email: xandy_1_2_3@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário